terça-feira, 7 de abril de 2009

Montanha-russa

Faltando quatro dias para os seus dezoito anos, ela se sentia mais só que nunca. Sentia sua família distante, todos se esforçando, interpretando um papel. Ela estava completamente perdida, esquecera as falas do próximo ato, não sabia o que fazer. Suas amigas pareciam mais fúteis que nunca. Pareciam não se importar. Mas no fundo ela sabe que boa parte de tudo isto se dá ao fato dela sentir mais que todos. Não há sensibilidade maior. Por isso sua vida é uma montanha-russa. Quando está lá no alto, ela sorri como uma criança, a vida é boa e ainda resta beleza. Ela acredita. Mas quando está lá em baixo, ela fica inerte, vê tudo passando, tudo cinza, misturado, confuso. Ela não se importa de não voltar mais para casa. Mas aí é que reside a beleza. Apesar dos momentos de inércia, ela sabe que não conseguiria desistir. Desistir da vida a privaria dos momentos no alto da montanha-russa, aqueles em que ela olha para baixo, acena, sorri, grita. Há beleza em como ela se transforma, desabrocha, são pequenas coisas que há fazem voar. Um filme, uma frase, um pensamento, uma voz, um cheiro. As pequenas coisas a fazem feliz, nem que seja por um dia ou dois.

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