quarta-feira, 27 de maio de 2009

Everything will be alright

Eu poderia dizer que meu mundo caiu; que perdi meu norte, sul, leste e oeste; que estou sem direção, tão perdida que além de não encontrar o caminho, nem ao menos me encontro. Poderia dizer que estou profundamente magoada, que meu coração está partido; que lhe odeio pelo que me disse. Mas não, eu gosto de você. Estou com um apertinho de leve no peito, e tive sim, vontade de chorar, mas essa vontade veio com a certeza que essas lágrimas me renovariam. Pela manhã estaria melhor. Acho até certa graça na minha mania de dramatizar tudo, porque afinal, eu estou bem.

domingo, 24 de maio de 2009

Desistir

Desistir das coisas não é tão difícil assim. Ver a sua sombrinha, ou um lenço, ser levado pelo vento é fácil de suportar. Mas desistir das pessoas é realmente complicado, além de doído. Ontem eu desisti. Não desisti com raiva, amargura, nada disso. Simplesmente desisti da maneira mais harmônica que um desistir de alguém possa ser. Mas mesmo assim dói. Dói e faz você querer chorar, mesmo que tenha sido uma opção própria. “Por que me fez desistir de você? Por que você não se esforçou só um pouquinho? Eu gostava tanto de você...” Passei minha vida toda ouvindo dizer que desistir é para os fracos, mas há o outro lado do desistir. O desistir dos fortes, aquele desistir de saber a hora de deixar as coisas correrem por si sós; de se esforçar ao máximo, mas saber quando já não dá mais. Precisa-se, realmente, de muita força. Quando você desiste de uma pessoa, ela leva consigo uma parte sua, e só os fortes conseguem sobreviver sem essa parte.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Eu te amo" não é "Quer casar comigo?"

Eu gosto de você, fato. Gosto de ter você por perto, gosto da sua voz, de ouvir suas histórias. Posso até dizer que amo o seu sorriso, aquele de criança travessa. Mas isso não significa um compromisso. “Eu gosto de você” não é a mesma coisa que “Quer namorar comigo?”, como um “Eu te amo” não significa exatamente um pedido de casamento.
Hoje, há aquele medo gigantesco de parecer frágil e não existe momento de maior fragilidade, de insegurança, quando você olha nos olhos de outra pessoa e diz: gosto de você, de verdade. Não vou nem falar do “eu te amo”, até porque não se aplica muito a mim, acho que precisaria de anos de terapia pra tomar uma iniciativa dessas. De qualquer jeito, há uma enorme fragilidade nesses momentos, principalmente, quando você não faz idéia do que a outra pessoa possa dizer. Mas eu acredito que gostar é isso mesmo, é se entregar, é a fragilidade em si. É abrir seu coração. Mas quando se diz isso, não significa que se quer selar um compromisso-até-que-a-morte-nos-separe. Significa apenas a vontade de expressar os sentimentos, significa, além de tudo, coragem.

domingo, 17 de maio de 2009

Sorriso

Passei uns dez minutos encarando a tela do computador pensando no que eu escreveria. Tenho sim sobre o que escrever , sobre meu aperto no peito, mas não consegui entrar em detalhes. Só sei que dói, tudo dói. Perco minhas forças por um instante, queria poder ficar na cama o tempo todo. Estou fraca. Ontem contei tudo a uma amiga entre gargalhadas, realmente é melhor rir que chorar. Mas hoje já não sinto vontade de rir. E não, não sei se seria uma boa companhia hoje. Minha decepção é grande, ocupa todos os espaços. Mal tenho espaço pra ser eu mesma. Meu olhar muda, meu sorriso entorta. Não chorei, só ontem, de rir, mas sinto que elas estão aqui tentando a todo custo sair, ver o mundo daqui de fora. Você nem percebe, nem percebe que meu olhar mudou, ou se percebe, finge que não. Queria que fosses chato, grosso, antipático, um saco, só assim eu desencanaria de vez. Mas eu me apego a tudo de fofinho que fazes, mesmo que não seja o suficiente, lá estou eu com os olhinhos brilhando com um mero afago. Essas incertezas sempre me perseguem. E segundo "Ele Não Está Tão Afim de Você" eu deveria esquecer, cair na real, ele, definitivamente, não me quer. Mas então ele sorri, aquele sorrisinho peralta, de criança, e é aí que eu esqueço tudo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Geni?

"- Gostou desse anel mesmo, não foi, filha?
- Ah, mãe, é que eu só to com esse agora.
- Cadê os outros?
- Eu dei.
- Você dá para todo mundo?
- É, mãe, eu dou para todo mundo.
- Que promíscua. Ao invés de "joga pedra na Geni" deveria ser "joga pedra na Mimi".


Ri horrores.

terça-feira, 12 de maio de 2009

TPM

Agora me deu vontade de chorar. Logo agora. Ontem mesmo estava eu admirada com a minha alegria, minha fase de “everything will be alright”. Mas agora está tudo tão complicado, estou cansada. Cansada de verdade, queria dormir, pôr minha cabeça em um colo bem aconchegante e só acordar amanhã, ou daqui a uma semana. Não tenho problemas reais, fato. Ninguém morreu e não passo fome. Mas mesmo assim não dá para sorrir toda hora, embora seja isso o que esperam de mim. Cada pessoa um mundo, um mundo intransponível. E cada um com seus problemas, mesmo que sejam imaginários. Queria assistir a um filme, mas estou sem tempo, tenho que estudar. Queria que tudo se descomplicasse. Mas será que assim perderia a graça? Queria que essa espinha sumisse. Queria ser magra. Queria que meus cabelos não fossem oleosos. Queria não querendo que ele pensasse em mim. Queria que se decidisse. Queria não me preocupar tanto. Queria todos meus amigos aqui. Queria saber subir a maldita rampa da garagem daqui do prédio. Queria conseguir estar sempre bem humorada. Queria dizer mais “eu te amo”, quase nunca os digo. Queria saber leitura dinâmica. Queria falar francês e espanhol. Queria viajar a Grécia. Queria que ele não só falasse. Queria ter unhas bonitas. Acho que o que eu queria mesmo era que passasse essa maldita TPM.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Para tempo, para!

Voltando do colégio, de carro, tudo passava tão depressa que ela chegava a ficar tonta. Ela tinha medo dessa velocidade. Ela temia que tudo passasse e não desse tempo ela participar. Via apenas vultos se beijando, abraçando-se. Mas vultos não a satisfaziam. Ela queria ver (sentir) o desenrolar daquele beijo. Será que fora um beijo de despedida, o último beijo de amor, e agora eles tomariam rumos distintos? Ou fora apenas o primeiro de tantos outros? E os abraços? Seriam eles amigos, bons amores ou ótimos amantes? Não dava tempo saber. Ela precisava saber. Tudo na vida não podia ser assim, tão rápido, fugaz... Ela queria pôr as mãos do lado de fora e agarrar cada momento, guardar no bolso se possível. Ela até que tentou, mas nem o vento queria parar para ela.
Chegando em casa, foi direto dormir. E ali sob as cobertas, ela viu o desenrolar da história. Não fora nem o último nem o primeiro beijo, quase certeza fora o 38º. Eles não eram amigos nem amores nem amantes. Eram irmãos.
Ela acordou com um sorriso bobo que só adivinharia o motivo se tudo não corresse tão depressa.