segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sobre um sonho

Não lembro do comecinho do sonho, de onde me lembro eu estava numa escada, como aquelas escadas de prédio, escuras. Eu subia e descia freneticamente tentando achar meu apartamento, mas não conseguia, nunca chegava a lugar nenhum. A escada mudava, ás vezes parecia a escada de um prédio antigo e outras vezes de um prédio mais novo, mas independente disso eu nunca achava uma saída. Eu escutava as pessoas falando através das paredes, subia, subia e só via concreto em volta, aí eu descia, descia, e mais parede, aquelas escadas não levavam a lugar algum. Depois de muito subir e descer eu finalmente achei meu apartamento, era grande, com uma varanda enorme. Fui logo pra varanda. Era como se eu morasse no 30º andar, era muito alto. Eu olhava lá pra baixo, e além das piscinas do prédio, via um cavalo branco, lindo; algo parecido com um carrossel e uma árvore que parecia ter saído de um quadro. As folhas da árvore eram quase imateriais de tão leve, pareciam simplesmente pinceladas, e entre as folhas eu via vários pontos cor de rosa, flores. Havia um vento suave e compassado e as folhas da árvore iam de um lado para outro. Eu via aquela cena e tinha certeza que já a tinha visto antes, tinha certeza de que tudo aquilo estava exatamente certo, tudo se encaixava, tudo estava no seu lugar, tudo era tão lindo. De repente, meu deu uma vontade de pular. Não era bem uma vontade, era mais como algo que eu sabia que devia fazer, mas havia o medo, claro. Daí fechei os olhos, e quando abri, o cavalo branco não estava mais lá, havia outros, mas não o branco, e eu sabia que não poderia pular se ele não estivesse ali. Depois de um tempo ele apareceu, e entrou na piscina, aí eu soube que poderia pular e nada me aconteceria. Lembrei de um texto que li no curso de português sobre uma mulher que estava pra se jogar do prédio, e o texto dizia que quando ela se jogou, foi um dos melhores momentos da sua vida, ela se sentiu livre. Eu me joguei, e não tive medo, foi uma sensação maravilhosa, não parecia que eu estava caindo e sim que eu estava flutuando, planando. Cai dentro da piscina e lá estava um menininho, ele me lembrou alguém, mas eu não consegui saber de cara quem era. Ele me disse que aquilo tudo não era verdade, que nem ele era real, que cada pessoa o via de um jeito diferente. Daí eu percebi, ele era igual ao Mogli, o menino lobo, do desenho. Depois dele dizer que nada daquilo era real, eu perguntei se o sentimento foi real, se o que eu senti quando pulei foi verdadeiro e ele respondeu que não sabia. Então a piscina começou a diminuir, e eu acordei. Durante todo o sonho eu tinha esse sentimento de medo de não acordar, de ficar ali presa para sempre, é como se eu soubesse que estava dormindo, e quando acordei eu pensei: “Ufa, acordei!”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Eu me boicoto

Eu me boicoto. Fato. Essa é a única explicação para minha incorrigível mania de complicar o que é fácil, certo. A gente passa a vida toda procurando o equilíbrio, perguntando-se quando tudo dará certo. A maioria das pessoas vibra quando alcança esse tão falado equilíbrio; eu, ao contrário, sinto-me presa, agoniada, afasto-me. Isso não é coisa de gente boa da cabeça, é como se o caminho, a dúvida me apetecesse mais que a segurança, o conforto. Tá, é bonitinho ser assim no começo, "a garota que não consegue se prender"; mas, depois de um tempo comecei a me perguntar qual era o meu problema, então, decidi que garotas como eu precisam de algo mais para se prender, muito mais, pois a gente sente mais, apesar de acreditarem que a gente sente é de menos. Então lá fui eu a procura do meu algo mais, procurei, procurei e procurei. Agora achei o que estava sempre ao meu lado. Ele é diferente, sabe. Ele é paciente, e eu também sou diferente ao lado dele. Com os outros eu nem pestanejava em botar um ponto final e sair leve, livre, com sentimento de missão cumprida. Com ele é diferente, ás vezes sinto a agonia de costume, mas aí percebo que esse meu jeito faz mal a ele. Por ele eu penso duas vezes, eu tento mudar. Ele escovou meus dentes, sabe. Num dia que eu tava com preguiça de ir até o banheiro, ele trouxe a escova e escovou meus dentes. Não é todo mundo que tem quem escove seus dentes. Aí eu lembro de tudo isso e percebo que já tá na hora de eu parar de boicotar minha felicidade, tá na hora de flutuar, deixar-se levar, não pensar tanto, não procurar problemas. Hoje acordei bem, pensando no quando ele me faz bem.