terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um só

Eram jovens. Conheceram-se há um ano. No instante de um olhar eles souberam que se pertenciam. Foi rápido e mágico. Obra-prima do destino. Desde então ela era dele e ele era dela. Eles não se importavam em não serem donos de si. Era bom ter alguém com quem dividir o pesado cargo de ser. Ele era ela e ela era ele. Como nunca foram ninguém antes. O mundo duplicou e se uniu. Eles juntos eram um só. Ela o respirava e ele a respirava. Nunca antes necessitaram tanto de alguém. Não suportavam a falta de ar causada pelo não-estar-junto-sempre. Eles agregados eram melhores, mais fortes do que jamais foram. A eternidade não parecia suficiente para tanto amor. Depois de um tempo veio a notícia: ele iria embora, para longe. O mundo parou, mas não o tempo suficiente para ela absorver o significado daquilo. Como ela seria sem ele? Ela viveria vazia e incompleta para sempre? Ele voltaria? Não sabendo nenhuma das respostas, fizeram um juramento: viveriam os dois meses seguintes como nunca antes, aproveitariam cada piscar, cada sussurro, cada inspiração, cada bater do coração do outro. No começo foi assim, o carinho já imensurável aumentou mais um pouco. Mas de repente, ela mudou. Não ria mais como antes, tornou-se fria e distante. Teria o amor acabado? Aquela situação o matava aos poucos. Ao final os dois perderam o brilho no olhar. Aquela áurea de gente completa e feliz sumira. Até que um dia, ao final de um melancólico passeio pela praia, ele a puxou e perguntou: “- Por que você está fazendo isso comigo?” O desespero na sua voz era quase palpável, era pesado. Não agüentando a carga do desespero dele, ela sentou, ficou de cabeça baixa e chorou. Esvaiu-se nas lágrimas de uma vida toda, de uma dor toda. Após os soluços disse: “– Eu estava tentando me acostumar com minha vida sem você. Estava tentando ser triste desde agora. Estava perdendo meu norte, meu chão, meu tudo. Estava me habituando a ser eu mesma sem você por perto.”Aquela noite foi a mais bela e triste que eles já tiveram. Dormiram juntos, abraçados. Choraram a tristeza dos dois, a mesma que não os faria esquecer um do outro.

4 comentários:

  1. Eu acho que já vi isso em algum lugar oO

    ResponderExcluir
  2. Eu já tinha postado isso no comecinho do blog, mas aí apaguei e tô postando de novo :)

    ResponderExcluir
  3. vou parecer piegas se eu disser que chorei??? a propósito, usei seu ultimo post no meu orkut... mas deixei todo o crédito pra você, claro. me identifiquei muito com ele assim como aconeteceu com os outros...

    ResponderExcluir