Semana passada me peguei pensando no meu tempo de auto-escola. Pensava no sacrilégio que era descer para ter as aulas práticas. Eu descia com um apertinho lá dentro, pensando se naquele bendito dia eu conseguiria fazer uma baliza descente eu se passaria uma vergonha nacional. Sorte minha que meu instrutor, para quebrar com os clichês, era super bonzinho. Não gritava, nem me chamava de burra, era, ainda por cima, engraçado, morria de rir com as conversas dele. Mas por mais simpático que ele fosse, ele não estava sempre dentro do carro comigo me dizendo o que fazer. Havia partes da aula que ele saía, e ficava me observando de longe, ele e mais todos os outros instrutores. E nessas horas eu rezava para todos os santos, deuses, entidades e derivados. Rezava tanto para eu conseguir fazer as coisas certinhas quanto pra aula acabar rápido. Sem contar o estresse do mundo todo que foi no dia da prova mesmo. Não, eu não passei de primeira. Cheguei em casa depois do meu fracasso na primeira prova e meu deu uma vontade de chorar, pensando já que eu não passaria nunca nesse negócio. Mas aí da segunda vez parecia que eu estava em transe em quanto estava fazendo a prova, parecia que não era eu ali, fiz tudo direitinho, rapidinho e pronto. E hoje, cá estou eu, dirigindo até razoável. Tá, eu sei que bati uma vez, mas isso faz parte. Hoje parece tão distante aquele tempo do frio na barriga quando tava chegando a hora da aula. Tudo passa. Até as piores coisas. No tempo de auto-escola eu ficava achando que isso não terminaria nunca, sentia uma inveja mortal de quem já tinha passado por isso e uma dó sem medida de quem ainda passaria. Mas, ainda bem, para mim já passou, como quase tudo na vida, simplesmente passou.
A batalha dos Deuses – O jogo
Há 3 meses
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